domingo, 13 de março de 2011

Admirável mundo novo

É lamentável e sintomática. A exposição generalizada da vida particular tornou-se recorrente em todos os âmbitos da sociedade. A privacidade tem perdido o seu significado e valor, outra perda irreparável no mar de transformações desse "admirável mundo novo". Esse fenômeno, marcado pela banalizado da própria vida, é um dos sintomas de uma sociedade à mercê da indústria do entretenimento, imersa entre as futilidades do cotidiano, cega diante do que é real.
A necessidade de se expor reflete um vazio do que é essência e o império da imagem. O corpo é algo a ser mostrado e vendido, desde que atenda aos padrões rigidamente determinados pela indústria da moda. A beleza é uma mercadoria. Em verdade, tudo pode ser mercadoria: o corpo; as relações sociais; a criatividade; a força de trabalho. A essência é que hoje tudo deve possuir valor monetário, ser moeda de troca, seja para alcançar o sucesso profissional, a fama, o dinheiro ou todas essas coisas.
A invenção do cinema, seguida pela invenção da televisão, é um divisor de águas no que diz respeito à exposição e à cultura da imagem. Com o cinema, intensificou-se a disseminação de "modelos de vida", padrões de beleza, moda e comportamento. Com a televisão, é popularizada a criação de personalidades-personagens, que vedem sua imagem e se tornam "objetos" de desejo, admiração e modelos de sucesso, fama e até felicidade.
Todavia, é com o advento da rede mundial de computadores, a internet, que o fenômeno da exposição da vida particular atinge níveis absurdos. O que se observa hoje, é o desejo geral pela projeção, a disseminação instantânea de informações na rede - seja ela valoroza ou não - e a extinção da privacidade, é resuldado da deturbação de valores ainda em processo, que tem construído (ou desconstruído) esse "admirável mundo novo".

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